O Queer rap é um movimento criado
nos Estados Unidos, em seu conceito define essa vertente como rap feito por
gays, no início, esse nome era uma forma de tentar desqualificar e ofender os homossexuais,
pois Queer, em inglês, é o mesmo que bicha em português. Mas o termo foi
incorporado à linguagem gay e assim o Queer rap conseguiu seu lugar no mundo
dos gêneros e hoje faz sucesso não só nos EUA como no nosso país.
Com muita vontade e gratidão pelo
que faz, Rico Dalasam surge como pioneiro trazendo esse movimento para nossa
nação, o paulistano nascido em Taboão da Serra (SP) vem quebrando os tabus
encontrados dentro do gênero do rapper. Ele estreia no movimento lançando o EP
“Modo Diverso” em maço desse ano e atualmente está desenvolvendo vários
trabalhos com muita novidade por vim, batemos um papo com o Rico onde falamos de
toda essa vertente do Queer Rap e vários outros assuntos de caráter importante
que de um forma influenciam em seu trabalho.
Bang3: Quais
são suas principais influências e referências na hora de se vestir, de cantar e
de compor?
Rico Dalasam:
Para me vestir, Rick James e André 3000. Para cantar, M.I.A e para compor eu me
inspiro em minhas vivências e minhas experiências.
Bang3: Quando
você vivenciou o movimento você teve uma empatia em relação a ele ou com o
tempo que você foi se aproximando e começando a lidar com essa nova forma de
fazer rap?
Rico Dalasam: Eu
fui fazendo música, sempre estive envolvido em falar verdade. Existe minha vida
e uma grande vontade de me expressar. Não me baseei em um movimento específico.
Bang3: Sabemos
que no nosso país o Queer rap ainda é pouco trabalhado, para você, como
pioneiro desse movimento aqui no Brasil, quais foram as dificuldades
encontradas ao longo de sua evolução no rap?
Rico Dalasam: Encontro
dificuldades que qualquer outro artista encontra em início de carreira, de
tornar possível sonhos que não é muita gente que acredita. Não ficamos de
chororô quando encontramos dificuldade.
Bang3: Como
é a aceitação dos demais raps brasileiros em relação a essa nova vertente do
gênero?
Rico Dalasam: Tem
uns que gostam e os que fingem que gostam. Mas sigo rimando e confiando no meu
trabalho. Não vou conseguir agradar todo mundo.
Bang3: Atualmente,
assim como o Queer rap o rap feminino de Flora Matos e Carol Conka por exemplo
vem tendo uma significante visibilidade na mídia e no mundo musical, para você
essa ascensão dessas vertentes do hip-hop faz com que o machismo e a homofobia
estereotipada pelas pessoas que não fazem parte desse movimento norte-americano
diminua cada vez mais?
Rico Dalasam: A
tendência é que as culturas se fundam. E a gente canta porque acreditamos no
fim desse preconceito. NOssa matéria prima na música não é o preconceito.
Bang3: No
Brasil o racismo e o preconceito ainda são gritantes, e nesse meio você surge
divando e defendendo o movimento LGBTs e dando mais visibilidade ao orgulho
negro, de que forma você usa essas duas vias sociais em seus trabalhos?
Rico Dalasam: Eu
estou preocupado em fazer minhas músicas. Tudo que represento e
defendo é porque está minha carne. Procuro não me enquadrar num
padrão até mesmo quando ele está favorável à minha existência.
Bang3: Em
uma entrevista você fala a respeito do preconceito que sofreu na escola,
sabemos que muitos jovens e crianças principalmente ainda sofrem esse tipo de
coerção qual o caminho que você recorreu para não se deixar abater por conta do
racismo e o que você diria a essas pessoas que almejam um lugar na sociedade
mesmo com toda essa onda de princípio racista?
Rico Dalasam: Eu
tive que criar uma altivez que me protegeu e que fez eu chegar até hoje, aos 26
anos, quando é mais difícil alguém chegar até mim ara falar alguma coisa e eu
baixar a cabeça. Mas isso não me livrou das marcas do preconceito. Se proteger
é um processo de aprendizado. Por isso crianças são indefesas.
Bang3: "Aceite-C”,
o que você tem a dizer sobre esse fantástico clipe? Ele saiu como você imaginou
ou no final você descobriu que ainda tinha mais coisas para mostrar?
Rico Dalasam: Ele
saiu muito melhor de como eu imaginava. Era meu primeiro clipe, sem
dinheiro, só amigos envolvidos e eu fiquei muito feliz.
Bang3: Esse
ano você lançou o clipe de “Não posso esperar”, o que podemos esperar do seu
trabalho nesse ano que está para começar? Quais serão as novidades musicais e
audiovisuais?
Rico Dalasam:
Ainda este ano vou lançar o clipe de Riquíssima, para fechar o ciclo do EP Modo
Diverso. Já no primeiro semestre do ano que vem, venho com meu primeiro álbum
completo
Bang3: Muitos
jovens se arriscam nas rimas e sonham em um dia fazer sucesso com o rap, qual
seu conselho para eles?
Rico Dalasam: Acreditem,
mano. Acreditar é sempre preciso.
E assim finalizamos mais um Bang3
Entrevista, agradecendo ao Rico Dalasam por tirar um pouco do seu tempo para
bater esse papo conosco e a galera do Modo Diverso produções que viabilizou
essa comunicação. Para saber mais sobre o Rico visite a página dele nas redes sociais...
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