Jukebox Pop: Michael Jackson - Thriller (1982)

       

Eu acredito que o álbum de hoje dispensa totalmente apresentações. Na verdade, é só dizer que é o "Álbum com maior vendagem no mundo inteiro" e, na mesma hora, pode identifica-lo. Thriller (1982) é um marco na cultura e na música pop, definiu os novos rumos da indústria musical e inspirou novos artistas. Talvez seja o álbum pop mais importante da indústria fonográfica, e não há como contestar.

Capa do álbum "Thriller" (1983)

Lançado em 30 de novembro de 1982, a segunda grande parceria de Michael Jackson e do renomado produtor Quincy Jones - a primeira parceria foi com o disco anterior a este, o "Off the Wall", de 1979 - foi a grande responsável por dar o empurrão para eras cheias de videoclipes e também por consolidar a imagem de Jackson como o maior ícone pop que já surgiu. Thriller, inspirado por gêneros já vistos no disco anterior como pop, funk (não, não é o mesmo que o do Brasil hahahahah), R&B e pop rock, foi hiper aclamado pela crítica especializada e pelos fãs de todo mundo. Venceu oito Grammy Awards em 1984, incluindo aí o "Álbum do Ano" e vendeu mais de 30 milhões de discos somente no ano de lançamento.



Jackson e o produtor Quincey Jones, no Grammy Awards 1984

Numa época ainda muito racista, Michael misturou ritmos diferenciados aos gêneros originários da música negra. O solo de guitarra tocado por Eddie Van Halen em "Beat It", por exemplo, foram necessários para romper barreiras e preconceitos raciais na música pop. Não é à toa que o álbum se encontra na vigésima posição da lista dos "500 melhores álbuns de todos os tempos", divulgada pela revista especializada em música Rolling Stone, e a terceira posição dos "200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame".

Então, prepare-se para entrar no mundo de Thriller onde você deve conhecer, pelo menos, umas cinco músicas. Ou talvez todas as nove mesmo.

1. Wanna Be Startin' Somethin':

A faixa que abre o disco é o quarto single lançado por Michael para o "velho testamento em áudio do pop". Escrita por Jackson e produzida por Jones, atingiu o top 10 na Billboard Hot 100 em 1983 e, apesar de não ter um videoclipe lançado, é famosa e querida por muitos.

Você deve lembrar dos mamase mamasa mamacoosa do refrão, não é? Se não lembram nessa música, devem lembrar de Don't Stop the Music, da Rihanna, onde a cantora traz esse mesmo sample.

E adivinha? Esse sample não é original do Michael. Na verdade se trata de cantos de origens africanas, onde o saxofonista Manu Dibango gravou na canção "Soul Makossa" (Makossa é, inclusive, um ritmo originário de Camarões). Dibango processou os dois artistas por uso indevido e não autorizado nas suas canções.

Porém, isso não invalida a grandiosidade da canção. Inspirada diretamente nos ritmos do álbum Off the Wall (provavelmente é a música com mais influências desse disco), "Wanna Be" traz fortemente o dance pop, o R&B e até mesmo o pós-disco. Sendo a mais longa de toda a tracklist poderia facilmente ser cansativa e monótona, mas Michael consegue passar uma atmosfera tão gostosa e aconchegante que os seis minutos e oito segundos passam rapidamente.

2. Baby Be Mine:

Baby Be Mine traz o funk como principal gênero em destaque na faixa. Não virou single, mas potencial tinha. E muito. Essa é mais uma da leva que foi influenciada pelo disco anterior. Na letra, Michael canta que precisa que uma certa garota seja dele. Promete até mesmo "tocar o céu" com ela. É muita paixão, minha gente!

Então garota, seja minha/(Garota você tem que ser minha)/E garota eu lhe darei tudo o que tenho/Então garota, seja minha/(Todo o tempo)/E nós podemos dividir esse ecstasy/Enquanto acreditamos no amor (...).

3. The Girl Is Mine (with Paul McCartney):

Um dueto de gigantes da música. Como fazer uma música onde Michael e Paul sejam contemplados de forma igualitária e respeitando a identidade e individualidade de cada um? The Girl Is Mine é a resposta perfeita para esta pergunta!

Foi escolhido como o primeiro single do álbum - uma escolha diferente, ousada e até sem sentido, eu diria - e foi lançada em 1982. Alcançou o #2 na Billboard Hot 100.

Na canção, Michael e Paul disputam o amor de uma garota e dizem o porque de cada um deles merecer esse amor.

É divertida, dinâmica e bem suave justamente por englobar gêneros musicais como o soft rock (um rock mais lento, em agressividade e com temas como relacionamentos amorosos); o pop e o Soft AC (AC vêm de "Adult Contemporany". Ou seja, significa música suave contemporânea para adultos).

4. THRILLER:

Essa eu tive que colocar em caixa alta. É uma das músicas mais icônicas e mais lembradas de todos os tempos. Todo mundo, praticamente, conhece. Seja pelo início delicioso, sombrio e assustador; pelo refrão ou por aquela obra prima que dizemos ser um videoclipe, que mudou a concepção de consumir e acompanhar música e o artista.

Por mais que você não aguente mais ouvir Thriller todo santo Halloween ou ver o videoclipe nos DVDs piratas de flashback (admita, você tinha um desses!), tem que reconhecer que é uma canção épica lembrada e passada de geração a geração. Até minha priminha de quatro anos conhece, gente!

A canção, de ritmos funk e pós-disco, foi lançada como ÚLTIMO single do álbum homônimo. Sim, último single. E mesmo assim fez sucesso inigualável. Thriller era passada a cada 40 minutos na MV norte-americana e se tornou um dos ícones da música pop.

Jackson e a atriz Ola Ray no set de filmagem do videoclipe.

Jackson e dançarinos no set de filmagem de "Thriller".



Para se tornar mais épica ainda, Michael e Quincy convidaram o ator Vincent Price (famoso ator de participações em filmes de terror) para gravar uma fala macabra e fantasmagórica para o final da canção. Sim, aquela risada do demônio que ouve no final da música é a voz do Vincent. Inclusive, ela foi divulgada na íntegra, olha só:

Agora, esqueça que você já ouviu tantas e tantas vezes e se joga no som do Rei do Pop, criatura:

5. Beat It:

Lançada com single em fevereiro de 1983, Beat It traz gêneros como o hard rock à tona na música pop e quebra barreiras raciais ao misturar um solo de guitarra icônico tocado por Eddie Van Halen, considerado um dos solos mais conhecidos de todos os tempos.

Foi a primeira (mas não única, depois falamos nisso) música do gênero rock na carreira de Jackson e a primeira música de rock tocada nas rádios do gênero por um cantor negro. A letra é, na verdade, um protesto contra as brigas entre gangues de ruas.

Ganhando os Grammys de "Melhor Gravação do Ano" e "Melhor Vocal Rock Masculino" e trazendo um videoclipe magnífico, a canção se consagrou como um clássico pop/rock. Ouve aí:

6. Billie Jean:

O segundo single de Thriller foi mais uma das canções que quebraram barreiras. Billie Jean, inspirada no R&B, no dance pop e no funk, foi o primeiro videoclipe de um canto negro a ser promovido pelo canal MTV. A canção rápida e empolgante traz Michael da forma que nós gostamos, sussurrando e alternando falsetes ao longo de toda a música. E o melhor, tudo gravado em somente um take.

Acredito ser uma das músicas mais conhecidas mundialmente do performer. Qualquer um pode identificar na mesma hora Billie Jean e inclusive entoar alguns versos da faixa.

Ganhando dois Grammy e diversos outros prêmios, "Jean" impôs o status de ícone pop sobre Jackson.

7. Human Nature:

Provavelmente a melhor balada de Jackson. Pelo menos para mim, é claro. Essa música contemporânea traz uma sensação de paz interior que faz você entregar-se ao ritmo dela. Lenta, suave e capaz de hipnotizar, o intérprete segura a música de tal forma com a sua voz que sentimos até mesmo como se estivéssemos voando.

Se perguntarem, por quê? Por quê?/Diga que é a natureza humana/Por quê? Por que ele faz isso comigo?

8. P.Y.T (Pretty Young Thing):

A minha música preferida do álbum. É tão divertida, inteligente, dançante e empolgante. Disco, R&B e funk juntos. Quer coisa melhor? Já sei o que é melhor, repetir essa obra prima. Repita, repita, repita, repita...

9. The Lady In My Life:

A última faixa é uma baladinha gostosa para se ouvir na madrugada, pensando naquela pessoa especial... Ai, chega me deixou melancólico aqui. Só ouça e sinta isso:

E aqui chega o final de mais um álbum na Jukebox Pop. Um álbum que mudou toda a concepção de música como um todo e que trouxe  o melhor do Rei do Pop para o mundo inteiro ouvir. Espero que vocês não esqueçam nunca da importância que o ícone Michael Jackson tem para o mundo da música pop e que se sintam inspirados cada vez que ouvirem o disco.

Eu estou devendo um álbum para vocês (o de terça-feira), mas não se preocupe, ele irá sair. E o próximo álbum vai ser de uma cantora até bem próxima de Michael. Consegue adivinhar? E qualquer sugestão será bem vinda, obviamente!

Valeu, até a próxima!
Jukebox Pop, onde toca música boa. E velha. ;)