O duo Feito Café foi formado em Angra dos Reis, cidade
fluminense conhecida por suas belezas naturais. Talvez esse ambiente tenha
influenciado a serenidade das canções e impulsionado o lançamento do EP.
Foi durante uma viagem a Barbacena que o filho primogênito
do Feito Café nasceu. O EP, batizado com o nome da cidade mineira, traz em sua
fórmula uma variedade de situações tendo como ponto de partida os
relacionamentos e continuando por outros temas sentimentais. São letras que,
através de histórias de amor aparentemente pueris, oferecem um fio condutor
para outros sentimentos e sensações, com o objetivo de entender - e receber -
melhor as desventuras do cotidiano. O duo formado por Lê Pacheco (voz) e Hugo
Oliveira (violão) mistura influências indie, pop e folk em canções que
conquistam fácil, tal como as doçuras de Minas ou o primeiro amor.
“Acredito que existe algo que conecta a maior parte das
músicas. Talvez um sentimento, um clima agridoce, algo parecido, que dá liga a
esse trabalho. Foi muito normal que, ao termos todos esses ingredientes nas
mãos, o próximo passo fosse reunir essas faixas numa mesma embalagem”, explica
Hugo.
CAPA DO EP ARTE: VICTOR REIS |
“Barbacena”, faixa-a-faixa
Por Hugo Oliveira
Seu e sim - A primeira faixa do EP foi também uma das
primeiras a ser esboçada. Diferente das outras canções do trabalho, ela é
cantada da perspectiva masculina, de alguém que vem passando por uma série de
problemas e, de repente, encontra um fiapo de luz em meio ao caos da vida cotidiana...
Por meio do amor. Tenho muita vontade de tentar inserir um trecho de
"Harvest Moon", do Neil Young, em alguma parte dela, quando a gente
for apresentá-la ao vivo.
Erro, não nego; acerto quando puder - Por enquanto, uma das
canções que mais me orgulho de ter escrito. É uma música que defende a ideia de
que sempre vamos nos sentir culpados diante de decisões importantes que
tomaremos ao longo da vida. Fui chutado por alguém? Sinto-me culpado. Chutei
alguém? Igualmente culpado. Feliz? Triste? Indeciso? Correto? Sempre culpado. A
música completinha, com letra e tudo, já era ensaiada por mim e pela Letícia em
2014... Mas aí o pessoal do O Terno foi mais ligeiro e lançou uma puta música
com uma temática parecida, ano passado. Eu e Lê vamos levar um cartaz ao
Lollapalooza, no sábado, com os dizeres "'Culpa' dá música de sucesso... A
gente já sabia!'", para levantar na hora do show dos caras, que nós
estamos doidos para ver. Vale citar mais alguma coisa? Ok, vamos lá: queria que
o refrão dela lembrasse algo do Belle & Sebastian... Mas querer não é
poder, correto? Sigamos sem culpa. Ou com. Sei lá.
Boa viagem - Essa canção não foi criada numa viagem ou
dentro de um ônibus. Eu estava sozinho no meu quarto, brincando com o violão,
quando o refrão dela simplesmente apareceu. Foi uma alegria muito grande, por
conta de ter soado para mim como Jovem Guarda, Beatles do começo, "Anna
Júlia", The Wonders e Frank Jorge; por outro lado, forneceu um pouco de
preocupação, porque não se parecia com nenhuma das músicas que eu estava
compondo na época. Deixamos as preocupações bobas de lado e inserimos a faixa
no nosso repertório. Mais do que isso: é o carro chefe do nosso EP, tendo
merecido um clipe lindão por meio dos nossos queridos amigos da Alima
Produtora. Sabe aquele cara do vídeo num visual mod estiloso, metade Roy
Orbison, metade Elvis Costello? É este mesmo que vos escreve! A letra parte de
uma premissa simples e certeira: alguém que está abrindo mão de um amor por
conta de um sonho que a outra pessoa tem... E que não inclui acompanhante. É
triste, confesso. Mas a tristeza é pop.
Segredo pra quem? - Tive o mesmo pensamento que muitos
tiveram quando escutaram "Faroeste Caboclo", da Legião Urbana.
"Uau! Que fantástico: o cara criou um conto dentro de uma música, uma
historinha com começo, meio e fim!". Daí, o próprio Renato Russo,
vocalista da banda, disse em entrevistas que uma das influências para a faixa
foi a música "Hurricane", de Bob Dylan. Fui eu correr atrás do Dylan
e do disco Desire, que continha a música. Assombro total. De lá para cá, entre
uma banda e outra, fui sempre tentando criar algo que lembrasse uma dessas
narrativas longas que muita gente do folk costuma defender. "Segredo pra
quem?" conta a história do primeiro amor de um casal de pré-adolescentes,
pela perspectiva da menina. É ambientada nos anos 80 e tem muitas referências
da época. Utilizei muito do que eu vi e ouvi no Colégio Estadual Nazira
Salomão, em Angra dos Reis, na canção. Estudos Sociais, Atari, papel de carta,
Luan & Vanessa, caderninho de perguntas, Roque Santeiro... Está tudo lá. E
tem um final bem surpreendente também.
Ouça o EP:
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