Foto: Calu Corazzi |
Após um hiato de quatro anos de seus projetos solo, Beto
Mejía coloca no mundo o sucessor do EP “Abraço” (2012): o álbum “Wahyoob”. O
lançamento é independente e também beneficente. Isso porque o download acontece
no modelo “doe quanto quiser”, com parte do valor arrecadado sendo destinado às
ONGs Santuário Terra dos Bichos (SP) e Desabafo Social (BA). A ligação com o
bem estar e a vida animal está estampada no nome do trabalho, batizado em
referência a um conceito ritualístico maia. “Wahyoob” é a busca por uma força
arquetípica animal para se vivenciar o cotidiano, e é essa a aura que guia o
novo lançamento do músico, cantor e compositor brasiliense.
Conhecido como flautista do Móveis Coloniais de Acaju,
trabalho que dividiu com outros nove instrumentistas ao longo de 18 anos, Beto
vê em “Wahyoob” um recomeço. Com a pausa indefinida nas atividades do Móveis,
anunciada recentemente, o foco do artista foi para o novo álbum que já estava
saindo do forno após mais de um ano em desenvolvimento. Esse renascer também
coincidiu com a chegada da paternidade na vida do músico, um acontecimento que
deixou sua marca na faixa 11 do disco, “Amora”, nome de sua filha. No total,
são 12 músicas de inspirações diversas, de orixás a cultura pop, passando por
referências sonoras percussivas, melódicas e eletrônicas.
O álbum inicia com o tema instrumental “Começo, meio e fim”,
composto originalmente como uma abertura do show do Móveis Coloniais de Acaju,
mas que nunca vingou. A intenção é a de abrir os ouvidos de quem irá acompanhar
essa viagem musical. Logo em seguida, o single “Kaningawá”, lançado no fim de
outubro e um prenúncio da aura pop do disco. Em “Eu cruzei o seu caminho”, a
letra reflete sobre uma troca de olhares entre desconhecidos. Na mesma onda de
encontros improváveis, as notas dos sopros se unem ao synth, com o instrumental
inspirado pela abertura da série de TV “The Leftovers”.
“Odoya” entrega a vocação espiritual do disco, em uma
homenagem a Iemanjá, a mãe do mar. A energia da natureza se traduz em grooves
de percussão e sintetizadores na linha de teclados amadores dos anos 80.
“Bubna” marca a primeira participação especial nos vocais, com Gustavo Bertoni
(Scalene) como convidado, apesar de a letra ter sido composta com uma voz de
narradora feminina.
“Essa foi feita para todas as vozes de mulheres que um dia
foram emudecidas”, explica Beto.
Foto: Calu Corazzi |
“Diminutivo” faz alusão ao nosso falso senso de importância,
enquanto “Eu me perdi” faz o caminho inverso ao abordar a invisibilidade
social. “A letra saiu depois de caminhar um dia pela Cracolândia. A energia lá
é muito densa. Pra sair dali, só com ajuda e nada de indiferença”, reflete
Beto.
Trazendo mais um convidado, “Uhuuu” conta com André Whoong,
letra simples e energia para cima. “É pra tirar o pé do chão, dançar até não
poder mais e celebrar a felicidade das boas companhias”, conta Beto. Por fim,
em “Minerador”, Victor Meira, vocalista da Bratislava, colabora em letra e
música. “Dentro do conceito do disco, acho que não havia frase melhor pra
terminar. A gente luta o tempo inteiro, se suja o tempo todo. Vale assumir que
ninguém é perfeito. ‘Talvez, eu nunca pise no céu’”, finaliza Beto.
Foto: Calu Corazzi |
Nesse novo trabalho, ele assina ainda a produção, guitarras
e baixos (todos ao lado de Kelton Gomes). Entre os músicos convidados estão
também os saxofones que os acompanharam por quase duas décadas no Móveis:
Esdras Nogueira e Paulo Rogério. E, incorporando o espírito “Wahyoob” do disco,
70% de toda a arrecadação pelos downloads no site betomejia.com.br serão
destinados às ONGs Santurário Terra dos Bichos, localizada em São Paulo e que
já resgatou mais de 500 animais de 18 espécies, e Desabafo Social, de Salvador,
projeto que visa a transformar vidas por meio da promoção da cultura dos
direitos humanos, do incentivo ao empreendedorismo social e novas práticas
pedagógicas embasadas por indicadores e dados. O valor da contribuição é livre
e dá direito ao download do disco, que também será disponibilizado nas
plataformas de streaming de música.
Ouça "Wahyoob":
Ficha técnica:
Produzido por Beto Mejía e Kelton Gomes
Gravado nos estúdios Gravaqui, Brasília / Family Mob -
São Paulo / Rootsans Studios, São Paulo / Casa do Loows, São Paulo.
Guitarras e baixos, exceto música 08 e 09 - Kelton
Gomes e Beto Mejía
Guitarras e baixo música 08 e 09 - Fernando Jatobá,
Kelton Gomes
Baterias todas as faixas exceto faixa 11 - Anderson
Nigro
Bateria faixa 11 - Diego Marx
Violão faixa 5 - Bc
Sax Barítono - Esdras Nogueira
Sax Tenor - Paulo Rogério
Trombone - Jefferson Carvalho
Trompete - Mathian da Silva
Congas e timbales - Thiago Delimacruz
Arranjo música 12: Ivan Chiarelli
Participação de Gustavo Bertoni na faixa 3, André Whoong na
faixa 10, Victor Meira na faixa 12
Mixado por:
Faixas 1,4,5,7,9,10 - Henrique Andrade
Faixas 3,11 12 - Diego Marx
Faixa 2 - Xande Burzstyn
Faixa 6 - Gustavo Dreher
Faixa 8 - Fernando Jatobá
Masterizado por: Xande Burzstyn
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