Artista plástica, cantora, compositora e instrumentista, Mari Romano é uma daquelas artistas que já nascem prontas. Mari tem sido um forte nome em ascensão na cena musical carioca com performaces femininas a frente do grupo Xanaxou, e nesse segundo semestre a cantora lança seu álbum de estreia solo.
"Romance Modelo" conta com 10 faixas que remetem à nostalgia do passado e abraçam o que vem adiante. Mari convidou músicos referências na cena independente carioca, como, Marcelo Callado ( Banda Cê), Gustavo Benjão, Thomas Jagoda.
Mari conversou com o Bang3 e contou um pouquinho da sua experiência na música é sobre o novo trabalho, confira nessa entrevista:
Bang3- O projeto Xanaxou é conhecido por suas performances de valorização da força e do corpo feminino. Como surgiu a ideia da criação do projeto? E como você percebe a importância do projeto para o movimento feminista?!
Mari Romano:A ideia surgiu como uma performance musical parte da
residência Xanadona, na Gentil Carioca. Um grupo de mulheres, que não
necessariamente se conheciam, se reuniram e fizeram esse processo, lá mesmo na
Gentil, foi muito especial. A maioria das integrantes fixas saíram de lá. A
importância para o movimento é clara, é um manifesto por si só. Apesar de
sermos todas brancas, acho que mesmo assim existe uma lacuna aí de bandas só de
mulheres. Estamos gravando duas faixas agora, tá ficando bonito.
Bang3-Como é o processo de composição de suas músicas? A
inspiração demora a aparecer ou você já se deixa levar e quando percebe já tem
uma música pronta?
Mari Romano:Escuto música na minha cabeça, muitas vezes. Essa é a ideia.
Daí tento traduzir essa ideia. Já aprendi que usar o instrumento pode ser perigoso,
porque depois de escutar certos acordes, já não lembro o que tinha pensado
antes. Mas pode ser melhor ainda. Cada música é de um jeito. "Aprenda
Eu" nasceu da ponte da música, que foi uma brincadeira no violão. Eu
lembro que estava em Parati, numa cachoeira, e um monte de homem curioso
começou a se acercar. Não tinham maldade mas sempre tem. Eu estava sozinha.
Tive vontade de levantar e ter aquele momento sozinha, concentrada, mas eu
estava no meio do processo, então entrei numa bolha mesmo da consciência e fui
até o fim, tipo prender a respiração. É impressionante como os homens não fazem
ideia do mal que causam ao invadir o espaço pessoal assim, da mulher.
Bang3-Sendo também artista plástica, o que você leva dessa área
para sua música? Existe algo em comum?
Mari Romano: Existe o fio comum da expressão artística né, da metáfora da
tela em branco. É assustador e liberador ao mesmo tempo. Tem vezes que parece
que a sua cabeça foi drenada por um diabinho e tem outras que parece que tá
tudo pronto, e você é incumbido de dar vida àquilo.
Bang3-Quais as maiores referências trazida do período em que você
estudou na Argentina, nas suas músicas?
Mari Romano:Nossa, Alberto Spinetta, "El Flaco", foi creio que
a maior descoberta que fiz la. O cara era um monstro. Procurem saber de toda
sua discografia, Almendra, Spinetta Jade, Pescado Rabioso, o disco Artaud. Fora
isso tem toda a música local folclórica de la, que me deixou de cara. Os jovens
todos sabem cantar todas as canções. É muito viva a cultura de raiz lá. Aqui
também, com o samba, tem relação. Mas teve um momento antes ainda né, tanto
aqui como lá. Os nossos indígenas. Enfim, isso é outro papo.
Bang3-Como surgiu o nome do álbum?
Mari Romano:Gostei de como soava. Além disso, o disco é um retrato mesmo
de um momento que faz parte do romance né, a separação, essa coisa toda. Na
verdade a separação do ponto de vista individual, porque é o que temos. Aquele
momento onde você se vê na posição de informar ao outro que não quer mais. É
duro, mas é bonito, tem dos dois. O nome chega a ser levemente irônico né,
porque apesar de não ser nada modelo, acaba sendo.
Capa do álbum |
Bang3-Quais os próximos passos para o disco?!
Mari Romano:Acabei de lançar o single Amélie (disponível no Spotify e
tudo mais) e logo sai o próximo!
Conheça mais sobre a Mari Romano:Site Oficial
Ouça o "Romance Modelo":
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