Depois de quase quatro anos sem um novo lançamento, Nando Reis presenteia os fãs com seu mais novo álbum "Jardim-Pomar". Lançado pelo selo Relicário e sendo um disco totalmente independente, Nando inova com apresentando o álbum em formato digital, em CD, Vinil e K7. As gravações começaram nos Estados Unidos e após seis meses, o cantor finalizou o disco em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Com novas técnicas e não abondando as antigas, Nando Reis se consolida cada vez mais na música nacional, tendo fãs de diferentes idades, marcando em seus shows uma pluralidade de culturas e histórias.
Nesse bate papo, o cantor conta um pouco sobre esse processo de criação, fala um pouco da sua participação no Festival de Verão em Salvador e sobre a turnê do novo disco.
BANG3- A faixa “Azul de Presunto” presente no novo disco de trabalho, além de divertida traz uma visão contemporânea a respeito da visão do outro sobre si, qual a importância dessa faixa na composição do disco, e como surgiu a ideia de juntar natureza, comida e visão social em uma só canção?
NANDO REIS- A importância da faixa "Azul de Presunto", dentro do disco é
imensa assim como todas as outras, cada uma das músicas representa, traz uma
informação, de que a sequência é que faz o disco, mas essa
especialmente ela é muito única, singular, porque, como você mesmo falou sobre
o teor, o assunto, sobre a sua quase que provocativa essa submissão entre as
imagens, o objeto descritos, uma afirmação ou uma sugestão de que a compreensão
da realidade ela varia muito de acordo com o ponto de vista de cada um, ou seja
ela defende a força da gente, da individualidade, relativiza a definição de que
não existe verdade absoluta, e nada melhor do que pra isso, a música ser
cantada por bastante de vozes; vozes que são bastante representativas daquilo que é o meu circulo de amizades, de
relações, que não deixa de ser uma amostragem, uma representação do que se dá
na vida de todo mundo, e claro que daí eu escolhi, muitos artistas, os amigos
Titãs importantíssimos na minha trajetória, na minha relação de afeição, de
amizade; os meus filhos, a afirmação da minha ligação com o amor, da importância
da música mesmo na minha família, e as vozes femininas que além de serem
presença do universo feminino, também a
minha declaração de admiração pelas outras linguagens de outros artistas, e de
outros como dessas três meninas, essas três cantoras, de diferentes identidades,
de uma geração diferente de mim, enfim essas três camadas, todas elas juntas compõem
o disco e a faixa, o que faz com que ela seja muito destacada como chama
atenção, que por si só já é bastante exótica.
BANG3- Ainda falando de “Azul de Presunto”, não poderíamos
deixar de citar a participação de velhos e novos cantores, como Arnaldo
Antunes, Paulo Miklos, Branco Mello e Sérgio Britto, as cantoras Luiza Possi,
Pitty e Tulipa Ruiz e os filhos do músico, Zoé , Theo e Sebastião nessa faixa.
Como foi para você esse momento onde pôde reunir em uma só canção vozes tão
distintas e especiais?
NANDO REIS- Foi um momento especial...Fora que além dessas vozes, tem
vozes de amigos e pessoas que trabalham comigo, produtor, foi uma farra. Eu
gosto de trabalhar com objetos, com gente que eu gosto, tenho o prazer de
trabalhar , reunir os Titãs junto com meus filhos no estúdio foi muito
emocionante , reuni nesse CD as três cantoras me deixou muito lisonjeado, também
foi muito enriquecedor e assim há também uma afirmação, de que eu gosto de
trabalhar e as contribuições só engrandecem aquilo que eu faço.
BANG3- Após um intervalo de quatro anos do lançamento de “Sei”,
seu sétimo álbum de estúdio, você traz um álbum independente , gostaríamos de
saber se existe alguma referência de “Sei” em“Jardim-Pomar” e como foi o
processo de produção desse novo trabalho?
NANDO REIS- Bem, é meu segundo disco independente, o primeiro lançado
pelo selo “Relicário” e é bastante distinto no processo, no seu
planejamento, diferente do “Sei”, que foi muito próximo do meu encerramento contratual com minha antiga gravadora, por tanto eu tive muito mais experiência e
muito mais tempo, condição de preparar o novo disco, ele foi influenciado por
todas essas questões. Tive a liberdade pra poder gravar o disco bem da forma
como eu queria, levando em conta também que o próprio mercado incita um tempo
maior pra que as pessoas caminhem prestem atenção na hora que for lançar seu
disco, tem sempre um conjunto de coisas.
BANG3-No início do ano a notícia do retorno das fitas cacetes
circulou na mídia, deixando os fãs e colecionadores desse modelo aposentado
pela indústria contentes. O álbum “Jardim-Pomar” também será lançado em K7,
essa ideia surgiu com qual intuito?
NANDO REIS- Talvez alguns intuitos, eu sou de uma geração onde a fita
cacete é de grande importância talvez semelhante ao que as pessoas usam da
música digital, a fita cacete era do no meu tempo, a possibilidade de ouvir
música no carro, ouvir música no walkman, levar a música para todos os
momentos, então é claro que de certa maneira é uma informação emblemática, as
pessoas as vezes acham que é uma grande novidade, mas as vezes é só revestido
de uma outra fórmula, mas que tem a mesma função, e a tecnologia por si só não
é suficiente, o valor que ela representa muitas vezes está apenas camuflado. A
fita cacete foi muito importante na minha carreira, porque antes da música
digital, ela era a forma como eu registrava o trabalho, eu tenho uma mala com
uma centena de fitas, então é importante quando você faz um ensaio, quando você
tem uma ideia de uma música, quando você fica preparando, enfim ela não deixa
de ser importante para esse conjunto daquilo que estou lançando. Na fita cacete
há uma afirmação de como eu me relaciono
com a transformação e ao mesmo tempo a transformação não deixa de ter essa
ideia de que ela roda, ela substitui algo, tudo na vida é de acumulação de
informação e não é possível renegar a história, eu nunca reneguei a história e
acho uma falácia essa ideia de que tudo que acontece agora é melhor, ou mesmo
do contrário, quem acha que era melhor antigamente, tudo isso é relativo o que
tem que acontecer é você se definir com a arte e se relacionar da melhor
maneira possível, cada um com aquilo que for da sua preferência.
Capa: K7 |
BANG3- A música faz parte da sua vida há muito tempo, e sempre
ouvimos o amor falar mais alto em suas letras de todas as formas. Esse
sentimento seria o ponto de partida de todo seu trabalho?
NANDO REIS- Quase que é o ponto de partida da minha própria existência eu
sou um filho que nasceu de um casamento que pressupõe uma relação amorosa, eu
só acredito que a possibilidade de atingir a felicidade é se você tiver uma
relação amorosa com quem te cerca, em primeiro lugar consigo ou com aquilo que
você tem um retorno, seja na sua profissão, os familiares, seus amigos, seja
tudo, então a ideia de que o amor presente naquilo que escrevo, não é apenas
porque falo muito das relações amorosas, e as pessoas acham que sou um cantor romântico, não é apenas por isso, eu acho que ele é um pressuposto da pessoa que sou,
da forma como vivo e daquilo que acredito.
BANG3- No álbum há duas versões de “Só posso dizer”, uma gravada
em São Paulo e outra em Seattle, ambas lindíssimas e com um tipo diferente de
balada, essa ideia de colocar as duas no disco surgiu a partir da dúvida de
escolher entre ambas ou foi uma forma de mostrar a diversificação presente em
uma música?
NANDO REIS- Acho que foi casual, ao mesmo tempo foi uma decisão minha,
porque cada uma das lições assim, joga luz para um aspecto da música isso não deixa
de ser uma constatação de que a sua relação com a música ela vai ter uma grande
transformação tanto da forma como ela é ouvida, ou mesmo da forma como ela se
canta,mais rápido mais leve, do dia que você ouve, então por isso a música tem
essa permanência tão grande, a gente ouve música e não enjoa, gosta,cada hora
que você ouve, ela permite que a mesma música não tenha a mesma leitura.
Foto: Carol |
BANG3- Você é um dos grandes compositores nacionais, como é
desenvolvido seu processo de criação?!
NANDO REIS- Claro que na minha profissão isso não é algo corriqueiro, e
eu me dediquei tanto e a admiração do
ser humano é algo que agrada mais, o processo que eu tenho, desde a relação que
eu tenho com meu violão, que toco desde pequeno, e é assim que eu componho e o
fato de eu ser um grande compositor considerável é algo que me deixa muito
feliz, e isso acaba sendo uma consequência da forma como eu tento, como eu faço
as coisas, o meu grande critério é me agradar, é eu achar que aquilo que eu
faço é importante pra mim e daí simplesmente
as pessoas gostam e ela atende aquilo que é um desejo que o artista que publica
suas coisas, de que ela adquira uma vida.
BANG3- Nando, você e sua banda são uma das atrações da primeira
noite do festival de verão, a nova edição, em Salvador. Qual a expectativa para
esse show?!
NANDO REIS- Ah, é sempre a mesma, fazer o melhor show possível, que a
platéia se divirta, é a primeira vez em que o festival de verão vai pra
dezembro e eu acho que eu sou a primeira atração do primeiro dia, e é tudo
muito novo, como todo show tem que ser, por mais que o repertorio sejam iguais
ou parecidas, o show é único. Cabe dizer que esse show não é o da turnê do novo
disco, essa só vai acontecer em março.
BANG3- Nos conte mais sobre a turnê.
NANDO REIS- Eu vou aonde me quiser, e me chamarem, é claro que agora com
minha carreira mais consolidada eu consigo organizar, ter uma agenda mais
racional, eu toco no Brasil inteiro felizmente, não posso adiantar por onde ela
vai porque ainda está em construção, mas quando entra em turnê, eu fico na
estrada, eu gosto, mas Salvador e a Bahia é sempre um lugar que eu adoro ir.
Quero um acarajé. ( risos).
Disco: Jardim-Pomar |
Acompanhe as novidades sobre o cantor: Site
Confira a nossa review do disco: Bang3
Agradecemos a toda equipe Perfexx por nos conceder essa oportunidade, e em especial ao cantor Nando Reis por nos disponibilizar um pouco do seu tempo.
Fiquem ligados, que e breve teremos mais novidades.
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