Essa
semana o "Mais uma Dose" traz um pouco mais sobre o trabalho e a história dos instrumentistas
belo-horizontinos do grupo Toca de Tatu...
Formado por Abel Borges, Lucas
Ladeia, Lucas Telles e Luísa Mitre o grupo Toca de Tatu nasceu, em Belo
Horizonte como proposta de construir um trabalho de redescoberta e valorização
da música brasileira, elaborando arranjos e composições autorais em instrumentos como cavaquinho, piano, violão e precursão. Em entrevista
perguntamos a banda de onde surgiu o nome Toca do Tatu e nos surpreendemos com
o jeito divertido e animado com o qual foi escolhido o nome:
Quando fomos realizar nossa
primeira apresentação ainda não havíamos decidido um nome para o grupo. No
aperto de ter que nos anunciar de alguma forma, optamos por fazer uma
brincadeira de "eliminação". Antes de começarmos um ensaio, cada um
foi sugerindo qualquer nome que lhe viesse à mente, como num brain-storm,
surgindo uma lista gigante com alguns nomes interessantes e outros bastante
esdrúxulos, absolutamente cômicos. Em verdade, num primeiro momento nenhum
desses nomes havia nos agradado de forma peremptória. Partimos então para o
lado divertido da brincadeira: estabelecemos uma ordem e cada integrante ia eliminando
o nome que quisesse, na sua vez de escolher. Por fim, sobrou apenas o Toca de
Tatu, sendo portanto o grande vencedor da batalha! Acreditamos que mesmo
inconscientemente fomos um pouco influenciados pela música Linha de Passe do
João Bosco e Aldir Blanc, pois ensaiávamos no estúdio caseiro da Luísa Mitre e
haviam vários songbooks espalhados, e um deles era do famoso compositor.
Portanto fica registrada nossa gratidão, em especial ao Aldir, pois acima de
tudo o jogo fonético-onomatopéico presente no Toca-de-Tatu funcionou muito bem!
O grupo tem como referência
musical o Choro, esse ritmo é considerado a primeira música popular urbana
tipicamente brasileira, mas eles não se prendem apenas a um só ritmo, eles procuram sempre abordagens inovadoras, trazendo para suas apresentações
outras linguagens e influências musicais vinda de cada um dos integrantes.
Conversando sobre esse fato deles
sempre estarem trazendo uma nova roupagem seja do próprio Choro ou de outros
ritmos musicais, a banda nos contou como se dar o processo de criação e quais
são as principais influencia e inspirações:
O processo de criação no Toca de
Tatu se dá de variadas maneiras, dependendo da situação. Em alguns casos,
dividimos um repertório entre os integrantes, ficando cada um encarregado da
elaboração mais estrutural dos arranjos de determinadas peças. Findo esse
trabalho individual, partimos para o que chamamos "pente fino". Esse
processo é realizado durante os ensaios, quando executamos os arranjos
pré-elaborados, buscando identificar pequenos problemas e sobretudo sugerindo
coletivamente certas modificações estruturais na macro e micro-estrutura dos
arranjos. O objetivo é sempre adaptar buscando a mais perfeita solução
timbrística e o equilíbrio geral das peças.
Em muitas outras situações os arranjos
são feitos de forma totalmente coletiva. Quando decidimos tocar uma música,
todos estudamo-la individualmente em todos os seus aspectos,
"tiramos" melodia e harmonia, e mesmo contrapontos, introduções,
pontes, quando existam. Então, nos ensaios, elaboramos juntos os arranjos. É a
forma de trabalho que mais gostamos. É muito interessante quando ficamos
bastante concentrados na tarefa, e as ideias parecem ir surgindo para todos, um
complementando a sugestão do outro. Damos sempre preferência a este processo,
embora em certos casos o processo de pré-elaboração individual seja necessário,
devido ao curto prazo de tempo disponível para a realização coletiva integral.
Quanto às influências, todos
gostamos de variados estilos e gêneros musicais. Porém, para o trabalho do
grupo, com sua sonoridade e instrumentação, o que mais tem nos inspirado são os
instrumentistas, arranjadores e compositores brasileiros dedicados
especialmente à música brasileira, o que não significa que estejamos de ouvidos
e corações cerrados para as músicas do mundo. Buscamos mesclar influências de
forma inteligente, não simplesmente porque é legal misturar: TEM QUE SOAR
BONITO! Poderíamos fazer uma lista enorme de nomes que nos agradam nesse
universo, mas ficamos aqui com alguns como Radamés Gnatalli, Tom Jobim,
Pixinguinha, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Guinga, como compositores que
consideramos muito importantes para nossa música, e grupos como Camerata
Carioca, Água de Moringa, Nó em Pingo D'água, entre outros, que muito nos inspiram
na linguagem. Devemos citar também outros nomes como Maurício Carrilho, Raphael
Rabello, Luciana Rabello, Hamilton de Holanda, André Mehmari, Cristóvão Bastos,
Proveta, Toninho Carrasqueira, Zé Nogueira, Pedro Amorim, como instrumentistas,
compositores e pessoas que direta ou indiretamente nos orientam a trajetória
(tivemos a alegria de conhecer e tocar com alguns destes!).
Em 2013 o grupo lançou o disco “Meu amigo Radamé”, um disco
com músicas sensacionais e que realmente tem o poder de dar um gás a essa
cultura musical brasileira, com um repertorio rico em gêneros o disco é
dedicado à obra do compositor, maestro e arranjador Radamés Gnattali... Em
conversa, a banda nos contou que recentemente aprovaram um projeto de Lei Municipal de Incentivo à Cultura, para gravação e lançamento de um novo disco.
Compartilhamos da ansiedade dos integrantes da banda e também esperamos que
esse processo de criação e produção seja algo divertido.
Ao perguntarmos sobre os planos
para o futuro, a banda nos falou bem mais do que isso, fazendo um convite para
os amantes de músicas instrumentais brasileira que moram ou estão visitando Belo Horizonte...
No
momento, para o futuro próximo, estamos concentrados nas próximas
apresentações, dia 11/10/2015 estaremos no Mercado do Cruzeiro, pelo Festival
Choro Livre. Paralelamente, já estamos no processo inicial de produção do
próximo disco, que deve sair no ano que vem. O público pode esperar nesse
trabalho uma proposta diferente de trabalho com a música brasileira produzida
em Minas Gerais, criaremos arranjos para músicas compostas por mineiros, e
algumas autorais. Outro plano que temos em mente é investir na realização de
algumas composições coletivas, que é um sonho nosso, e quem sabe não vem um
registro disso num próximo trabalho?
Para finalizar, queríamos agradecer a banda Toca de Tatu
pela disponibilidade em conversar conosco. Agora curta um pouco o som dessa
galera fantástica e fique ligado no Bang-3 que breve teremos “Mais uma Dose”...
Para mais informações sobre a banda, confiram o site oficial
deles ( http://www.tocadetatu.com.br ) ou sua rede social ...
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