B3: Na flica vemos um mundo, uma junção. Os turistas e os cachoeiranos se tornam um só povo. Como você enxerga essa mistura que tem como objeto em comum o amor pela literatura?
Jackson Costa: A Bahia já precisava a muito tempo ter um espaço desse de reflexão, para aproximar os leitores dos livros, esse movimento eles sabem que é um movimento que melhora a cultura de um povo, a sociedade como um todo então assim é uma felicidade para a Bahia, é uma felicidade para o povo da cidade de cachoeira que tem uma cultura muito forte, no espaço físico e também nas coisas que são preservadas ali de cultura. É um momento feliz, lugar melhor não poderia ser, Cachoeira. Eu acho assim que é uma coisa que vem fazendo cada ano mais sucesso, dando certo, que vem se consolidando, à de durar por muitos e muitos anos , traz um bem para todo mundo, para todo mundo que participa, os turistas que chegam ali, eles também chegam num lugar que propicia tranquilidade para uma reflexão, as pessoas dali também, que já vivem naquele lugar maravilhoso, que recebem essa caravana de escritores, de livros, e de conversa é um momento especial que a Bahia ta vivendo através da flica.
B3: Estamos no século do digital, da tecnologia na ponta do dedo, e vemos muitos jovens que trocam facilmente um livro por um celular. Você acha que essa aproximação quase carnal com a tecnologia seria um fim para os livros? Ou poderá existir uma sobrevida com os livros digitais?
Jackson Costa: Olha se eu for trazer para a minha profissão por exemplo, o teatro, a plateia diante do autor, presenciando ali a possibilidade do erro, do acerto, da condução do ator, ai a tecnologia que é a televisão, o cinema, e claro, acaba atingindo um número de espectadores essa forma mais moderna de atuação,da mesma maneira que chega o livro. O livro sempre vai existir e a relação do leitor com o livro em papel, com a palavra imprensa ,é bem diferente dessa coisa virtual. Eu acho que de alguma maneira o livro virtual pode ate fazer com que pessoas que não tenham o hábito da leitura do livro impresso, do papel, passar a gostar, e uma pessoa que gosta de ler um livro mesmo, no papel, não acredito que ele perca essa relação, ler também um livro virtual, mais não vai deixar nunca de ter o prazer da leitura, ele sozinho,ele mergulhando naquele livro.
B3: A fliquinha é um grande incentivo á leitura e uma grande introdução á cultura da leitura para as crianças. Para você, qual a importância de incluir os pequenos na festa literária?
Jackson Costa: Eu acho que é por ai que começa,na infância, nos primeiros momentos da vida que a gente faz o leitor, as mães e as avós contando histórias, chamando atenção das crianças para prestarem atenção numa história que esta sempre trazendo uma mensagem, um ensinamento, um direcionamento, então tem que ter mesmo. A fliquinha é preparar a base, não adianta a gente só colocar o telhado da casa, a fliquinha é esse lastro.
B3: Você (Jackson) que pôde participar da flica de todas as maneiras possíveis, qual as expectativas para o evento desse ano?
Jackson Costa: Que eu possa participar de todas as maneiras que eu já participei numa só, é dizer poesias, participar do sarau, ali na casa da rede, que na primeira edição teve a casa da rede, dizendo poesia na praça, mediando mesas, ouvindo os escritores, participando daquele momento cultural que tem ali naqueles dias onde você vê um povo consciente de cultura, de leitura e ideia, então tudo isso que acontece ali, eu espero poder está mais uma vez ali participando.
B3: A flica é uma grande festa que acaba ultrapassando as paredes de suas instalações, é uma festa que usa as ruas, que interage com as pessoas e que consequentemente acaba ocupando cada canto da cidade. Como você enxerga Cachoeira dentro do cenário da literatura?
Jackson Costa: Olha eu acho que era assim, uma das coisas que estava faltando para Cachoeira, é uma cidade que eu sou fã, por tudo que ela é, pela cultura, pela resistência da cultura africana, o meu mestre no teatro era um cachoeirano, que já está lá no andar de cima, e com ele eu aprendi muita coisa relacionada a construção de uma cultura africana que foi construída por todas as pedras que tinha no caminho, todos os impedimentos e o negro chegou aqui escravizado e construiu aqui um lastro cultural que é o diferencial da Bahia, e ele ta aqui ainda continua construindo, então quando essa flica vai ali para a cidade de cachoeira e se expande pelas ruas eu acho que é a melhor comunicação que uma festa literária poderia ter com uma sociedade é exatamente como deveria ser. Gilberto Gil diz " que o grande poder que tem a manifestação da cultura baiana esta nas ruas" ela não cabe somente no gabinete, nas salas fechadas e a flica tem se desenvolvido ali em cachoeira dessa maneira, o povo cada vez absolvendo mais, não é um processo assim que é de imediato, mais para o povo de Cachoeira que não perceberam o que é a flica ainda que cada dia eles tem mais possibilidade de perceber e os que já perceberam se deliciam a cada ano com aquele evento que acontece ali.
Obrigado Jackson Costa pelas belas palavras e pela doação de seu tempo!
A flica começa hoje ás 19h no Covento do Carmo, Cachoeira Ba. Não percam!
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