Juca Novaes lançou recentemente o
disco "Canções de Primeira- Volume 2", o disco que nasceu do Festival
de Música de Avaré- Fampop, reuniu algumas músicas e lançou o Volume " em
2014 e agora investiu na continuação desse trabalho com o Volume 2. Juca surge
na cena musical com um som maduro e bem produzido, que permeia pelas nuances do
MPB, firmando o cantor no cenário musical brasileiro.
BANG3 - Quais as influências
de João Gilberto em sua carreira como músico?
Juca Novaes - João
Gilberto tem uma influência estética muito importante para mim. Desde quando
comecei a ouvir e me interessar por música popular, ainda garoto, a sua música
sempre me impressionou, pelo rigor, pelo suingue, pela brasilidade, pela
delicadeza. Tem um lado na minha música que é muito influenciado por estes
elementos.
BANG3- Você conseguiu
unir sua carreira de advogado com a carreira de cantor, como surgiu essa
junção? Você sempre quis se especializar em direitos autorais ou surgiu a
partir do posicionamento como artista?
Juca Novaes- Tudo surgiu por
acaso, eu me formei em direito num período em que já estava muito envolvido com
música popular. No final do curso, havia vencido um festival relevante, e
gravado um programa muito importante do rádio paulista (FM Inéditos, da rádio
Eldorado). As coisas foram prosseguindo lado a lado, e ao mesmo tempo em que já
trabalhava como advogado, eu estudava violão clássico, e cursava composição e
regência no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. A especialização em
direito autoral veio depois, quando eu tomei consciência da importância desse
tema, e da necessidade de entender todos os meandros que cercam esse importante
lado da criação musical. É claro que o fato de eu ser um artista, e estar
inserido nesse universo, facilitou minha compreensão sobre vários aspectos do
direito autoral, e me colocou como um interlocutor confiável dos dois lados
(meus colegas músicos me vendo como um músico que entende de direito autoral, e
meus colegas advogados me vendo como um autoralista que entende de música).
BANG3- Qual a importância do
Feira Avareense de Música Popular (Fampop) na cena musical brasileira e como
você chegou à conclusão que era preciso criar um festival desse porte em sua
cidade?
Juca Noaves- A Fampop surgiu
numa época em que os festivais de canções tinham um espaço importante no
cenário da música popular brasileira - início dos anos 80. Eu coordenei um
grupo de jovens amigos, artistas e agitadores culturais interessados em criar
um festival, cujo surgimento foi propiciado pelo fato de que meu pai foi eleito
prefeito da cidade de Avaré. A importância da Fampop, a partir daí, se
deu por ser um projeto longevo, que conseguiu atrair os artistas novos e
importantes da época. Nos anos 80, atraiu Celso Viáfora, Jean e Paulo
Garfunkel, Nilson Chaves, César Brunetti. Nos 90, atraiu os então iniciantes
Chico César, Lenine, Zeca Baleiro, Moacyr Luz, Jorge Vercilo, Rita Ribeiro,
Carlos Careqa. Nesse século, vem atraindo uma moçada nova : Filarmonica de
Pasárgada, Cinco a Seco, Dani Black, Dandara, Paulo Monarco, Bruno Batista,
Barbara Rodrix, Isabela Moraes, Bruna Moraes, Demetrius Lulo. Cada um desses,
que bebeu da água do festival, passou a ser um divulgador do evento. Bráulio
Tavares falou do festival a Lenine que falou a Chico Cesar que falou a Zeca
Baleiro, e por aí foi... Nosso maior mérito foi o de criar um conceito e uma
respeitabilidade que atraiu e irradiou todo esse pessoal. Por isso é que Zuza
Homem de Mello, ao escrever sobre o festival, criou a frase de que "Avaré
viu e ouviu primeiro". Tárik de Souza, no início desse século, criou outra
: "a MPB pulsa. E suas veias passam por Avaré".
BANG3- Qual a
importância da internet na divulgação do seu trabalho?
Juca Noaves- Hoje em dia a
Internet tem importância capital. As pessoas se informam, ouvem sua música,
querem ver clips, querem saber de novidades...A divulgação é quase exclusiva
das redes sociais, nos dias de hoje. Tanto dos discos ou singles, como dos
shows. Para sobreviver como artista nesses novos tempos, cada vez mais não
haverá caminho fora da Internet.
BANG3- O que a música
e o direito tem em comum para você?
Juca Novaes- Como sou um criador nas duas
áreas, trabalho em ambas com textos. A criação de uma canção trabalha com a
palavra, assim como a criação de um recurso jurídico. Como diria Drummond,
"lutar com as palavras é luta mais vã / Entanto lutamos / mal rompe
a manhã". Mas são dois universos diferentes. A música trabalha com o
lúdico, é algo que alimenta um lado do meu universo. Mas tenho um lado bem pé no
chão também, e aí entra o direito. Brinco dizendo que todo dia meu lado
advogado aparece querendo saber se está tudo bem com meu lado artista, rs...
BANG3- Como foi a produção do mais
novo disco?
Juca Novaes - A escolha das músicas e a
pré-produção levou dois ou três meses, mas a gravação em si foi rápida : Foi
uma produção concentrada numa semana, num estúdio localizado numa fazenda, o
que faz toda a diferença. Todo o disco foi gravado praticamente por três
pessoas (Sérgio Bello nos violões, guitarras e baixos, eu nos pianos e vozes, e
Valentino Menezes nas percussões e baterias), além dos vocais (meus filhos
Pedro, Beatriz e Tomás, minha produtora Ana Paula e Rafael Altério, o dono da
Gargolândia, onde gravamos o trabalho).
BANG3- Quais as diferenças que
tiveram no novo disco para os discos anteriores?!
Juca Novaes- Os dois discos do projeto
"Canções de primeira", volumes 1 e 2, foram gravados da forma que
descrevi na pergunta anterior. Gravação rápida, em uma semana. Mas meu disco
anterior, o "Goa", demorou dois anos para ficar pronto, da primeira
gravação à masterização. Era um disco de canções minhas, e representou um
processo diferente, onde fui fazendo músicas novas durante o processo. As
gravações foram mais difíceis, eram sempre à noite, após dias de trabalho. É um
processo diferente, mas que foi muito enriquecedor, pela oportunidade de
envolver a parte da criação e da gravação num mesmo contexto.
Acompanhe Juca Novaes: Site Oficial
0 comentários:
Postar um comentário