Pedro Spadoni, Ivisen Lourenço, Danilo Pirola, André Spadoni e Johnny Vignoto, decidiram formaram uma banda em 2009, e desde então vem apostando no hardcore melódico. A vontade de se encontrar, para falar das canções favoritas
e criar um pouco de música veio da intenção de diversão dos integrantes.
E nessa entrevista, batemos um papo com Pedro Spadoni e Johnny Vignoto sobre o trabalho com a banda, como o público recebe o hardcore melódico e os planos para o futuro.
BANG3: Quando vocês perceberam que o trabalho com a banda se
tornou algo mais sério?
PEDRO (The Upperground)- Acho que a partir de quando você decide
registrar as músicas, a coisa fica mais séria. Pra gente essa foi a chave que
virou, porque não faz muito sentido você gravar e não divulgar e tocar os sons
por aí né? E pra isso o comprometimento precisa ser maior. A gente ainda leva
tudo de um jeito leve, pra manter a diversão... mas o lance todo é bem sério
sim.
BANG3: Como é a aceitação do público já que vocês cantam em
inglês para um público brasileiro?
PEDRO (The Upperground)- No underground essa questão da língua não é um
problema. A galera já ouve sons lá de fora desde pequena, já está acostumada...
e diversas bandas daqui sempre fizeram som em inglês. O pessoal curte em inglês
mesmo porque essa é a proposta e essa é a estética do som, se mudar a língua dá
outra sonoridade e muda bastante! A língua é parte da sonoridade né, não é à
toa que cada gênero nasce do jeito que nasce em cada país.
A questão de cantar em português importa mais pra sons
mainstream, que vão pra massa, o que não é o nosso caso.
BANG3: Como será abordada a atual situação política do país nas
novas canções da banda?
PEDRO (The Upperground)- Deve ser o tema central do disco! Não tem como não
ser, né? A maioria das composições novas já passam por esse tema. A questão é
que, mesmo nas letras com posicionamento político menos explícito, existe um
incômodo que é reflexo do cenário atual. No geral, o disco novo tá ficando bem
mais porrada, mais rápido e agressivo.
BANG3: Como é para vocês está no cenário musical independente
como uma das bandas que trouxeram de volta o estilo, que até então, estava de
lado no cenário musical do país?
PEDRO (The Upperground)- Aqui em São Paulo essa cena nunca chegou a sumir né,
sempre pipocam boas bandas lá e cá... mas é fato que a cena não é mais o que
era antigamente e está muito mais, pulverizada. Quando a gente fala de país, aí
de fato o gênero está bem no underground. Mas, sabe, a gente tem conversado muito
sobre isso. A cena é underground mesmo, 100% independente... o boom dos anos
2000 é que foi fora da curva! Então a gente se sente responsável por contribuir
com a cena porque sem isso ela não existe. Ela é feita por nós, por vocês, por
quem organiza show e quem vai. Se a gente não fizer, ninguém vai fazer... e é
essa ideia que tentamos passar sempre pra todo mundo que a gente tem contato. É
Do It Yourself mas vamo Do It Together também haha.
BANG3: A “Festa Hardcore” é muito conhecida dentre os fãs desse
estilo e por demais públicos, como surgiu a ideia de produzir esse espaço único
e com uma identidade tão presente?
PEDRO (The Upperground)- A festa é reflexo dessa constatação de que se a
gente não fizer, ninguém vai fazer... e sempre rolou entre a gente dois grandes
sentimentos: o de que faltam espaços dedicados ao HC e de que a cena precisa se
unir mais. O objetivo da festa é esse, juntar a galera que corre pelo mesmo
rolê e criar um espaço legal pra curtir, trocar ideias, questionar... queremos
fazer mais!
JOHNNY (The Upperground)- É, a Festa Hardcore surgiu porque sentimos que a
cena enfraqueceu e está desunida. Então parte dessa identidade dela é que ela
já nasceu sendo mais do que show, agregando música, cultura e lazer, tanto que
na última edição que fizemos inserimos a exposição fotográfica da Lud Lower e
tocamos uns sets pra galera se divertir entre os shows.
Hoje só o show já não atrai tanto como antes, então
transformamos os shows em rolê, aí é mais legal que mistura mais, fazemos novas
amizades, parcerias... fazemos nossa parte para "re-fortalecer" a
cena.
PEDRO (The Upperground)- Estamos no meio do processo de composição do disco
novo, então não devemos fazer muitos shows por enquanto. Com o disco pronto, a
ideia é sair por aí pra tocar, um pouco mais fora de São Paulo. Talvez sul,
nordeste, quem sabe... depende de quem colar junto com a gente! Também devemos
realizar outra festa assim que o disco sair, tentando trazer uma galera de
fora. Esse intercâmbio entre cidades e estados é importantíssimo!
JOHNNY (The Upperground)- Esse ano, acho que vai ser bem ativo e terá
bastante novidade, estamos estudando lançar um single e já emendar com o disco
novo que já está sendo produzido e logo mais começa a entrar no
forno. Estamos planejando fazer pelo menos 2 edições da Festa Hardcore, uma em
SP e outra ainda estamos definindo. Criar novas parcerias e mais umas cositas
mais...rsrs
JOHNNY (The Upperground)- Acho que a maior dificuldade é a falta de
infra-estrutura e a questão da cena estar meio desanimada!
PEDRO (The Upperground)-É, essa questão de que tudo depende da nossa vontade
as vezes torna o rolê cansativo, mas ao mesmo tempo a satisfação de ver
acontecer é muito grande! Então ao mesmo tempo que a cena independente exige
muito de você, ela te dá em troca um crescimento pessoal bem treta. Ter banda
independente no Brasil, em geral, exige demais... e no hardcore em específico
parece que falta as pessoas se juntarem mais mesmo, abrir espaço pra novas
bandas e novos rolês. É uma cena muito presa no passado, que talvez esteja
passando por um processo de renovação. O lance do Hangar fechar é muito
icônico... é a grande meca da cena, o nosso CBGB. Será que esse espaço vai ser
ocupado? Estamos aí tentando fazer a nossa parte nesse processo!
Quando falamos que a cena depende da gente pra acontecer,
falamos de vocês também, que são parte importantíssima disso! Sabemos que
também não é nada fácil fazer jornalismo e imprensa de maneira independente,
então valeu demais pelo espaço e pela parceira. Um grande abraço obrigado
novamente! ;)
Acompanhem o trabalho da banda The Upperground: Site Oficial
Fiquem ligados, que em breve teremos mais entrevistas.
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